Map2Mitigate: Mapeamento comunitário para mitigação de riscos climáticos no Brasil
O projeto Map2Mitigate visa gerar dados básicos de cartografia aberta e fortalecer capacidades comunitárias para monitorar e enfrentar riscos associados ao fenômeno El Niño em áreas vulneráveis da Região Metropolitana de Salvador (Bahia, Brasil). Por meio de mapatonas, capacitação técnica e uso de drones, o projeto permite às comunidades obter dados atualizados sobre seus territórios, facilitando a prevenção de desastres e a ação pública baseada em evidências.
Contexto
O nordeste do Brasil enfrenta sérios desafios decorrentes das chuvas intensas e da urbanização não planejada, especialmente em áreas de favelas localizadas em encostas e vales. Salvador, uma das cidades mais populosas do país, tem mais de 1,8 milhão de pessoas vivendo em áreas com declividades superiores a 30%, e cerca de 194 mil em zonas suscetíveis a inundações.
Bairros como Jardim Santo Inácio, Pau da Lima, Engomadeira e ocupações como Marielle Franco em Simões Filho são exemplos de territórios com alta vulnerabilidade socioambiental. Essas áreas sofrem com deslizamentos, doenças de veiculação hídrica e falta de dados confiáveis, o que dificulta ações governamentais e comunitárias de mitigação e resposta a desastres.
Metodología
Map2Mitigate aplica a metodologia de mapatonas colaborativas utilizando ferramentas do ecossistema OSM para mapear zonas de risco com base em critérios de vulnerabilidade e mobilização comunitária. As áreas de Jardim Santo Inácio, Engomadeira e Pau da Lima foram priorizadas, com Simões Filho como área reserva.
O projeto envolve:
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Formação de voluntários locais em mapeamento aberto e uso de drones;
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Coleta de imagens no Mapillary e OpenAerialMap;
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Mapeamento de edificações, corpos d’água e infraestrutura crítica usando Tasking Manager e StreetComplete;
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Validação dos dados por especialistas das universidades parceiras;
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Integração com projetos anteriores de saúde pública e vigilância epidemiológica como VIGEDESASTRES.
Resultados e impacto
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Mapeamento detalhado de 3 áreas vulneráveis da RMS afetadas por inundações e deslizamentos;
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Produção de 1 relatório técnico com elementos urbanos e naturais críticos;
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Envolvimento direto de pelo menos 1 equipe da Defesa Civil local;
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Participação de 15 moradores por comunidade na coleta de dados;
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Disponibilização pública dos dados no OpenStreetMap e OpenAerialMap;
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Fortalecimento da rede YouthMappers na Bahia e articulação com o Programa Periferia Viva.
Lições aprendidas / próximos passos
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A colaboração entre universidade, governo e comunidade é chave para a sustentabilidade;
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A cartografia comunitária fortalece a resposta a desastres e políticas públicas baseadas em evidência;
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O modelo será replicado em outras comunidades do interior baiano com apoio da rede YouthMappers e do VIGEDESASTRES;
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Publicações técnicas e científicas estão previstas para difundir os resultados e ampliar o alcance do projeto.